Amor vivificado, Entendimento iluminado – John Owen (1616-1683)


Achegamo-nos a Cristo, em primeiro lugar, para que possamos ter vida. Mas também achegamo-nos a Ele, como crentes, para que possamos ter vida mais abundantemente (João 10:10). Assim como o Salvador repreende aqueles que não vêm a Ele para que tenham vida, assim também poderia justamente nos repreender por não virmos a Ele com mais frequência, mediante a fé, para que possamos ter essa vida mais abundantemente.


Há muitos que se dizem cristãos, os quais vivem uma vida muito descuidada, sem nenhuma preocupação por bênçãos reais e espirituais. Eles não conhecem o refrigério santo e espiritual que o Senhor Jesus nos traz pelo Seu Espírito, o Consolador. Estas bênçãos incluem paz espiritual, conforto e refrigério, alegria indizível e segurança abençoada. Sem nenhuma experiência dessas coisas, o nosso cristianismo é como que sem coração, sem vida e inútil. Como podemos dizer que acreditamos nas promessas sobre as glórias eternas do céu, se não acreditamos na promessa do gozo destas bênçãos espirituais aqui e agora?


Cristo diz a qualquer que O ama: "Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda esse é o que me ama; e aquele que me ama será amado de meu Pai... e viremos para ele, e faremos nele morada" (João 14:21,23). Quando Ele vem e Se mostra a nós, Ele sempre traz consigo paz, conforto, segurança e alegria. Nós nos banqueteamos com Ele através destes refrigérios espirituais (Apocalipse3:20).


Se perguntarmos como recebemos essas bênçãos, a resposta é; olhando para a glória de Cristo pela fé. (I Pedro 1:9-10). Meditemos na glória da natureza singular de Cristo, na Sua humilhação ao vir ao mundo, a Sua atual posição no mais alto céu, no Seu amor e na Sua graça. Os nossos corações, então, serão afetados em certa medida por um senso do Seu amor, que é a força de todos os nossos confortos espirituais (João 4:4; Romanos 5:5). Quando perdemos essas bênçãos, sabemos que a presença de Cristo nos deixou por um pouco e não podemos ver a Sua glória.


Ora, o propósito do Senhor Jesus em esconder a Sua glória da nossa visão é o de nos mover para que usemos a graça que Ele nos deu para buscá-lo de todo o nosso coração. Será que nos sentimos sem vida e tristes, sem um senso do Seu amor em nossos corações? Não há outra forma de nos recuperarmos a não ser voltar para Cristo. Todas as nossas preocupações espirituais vêm de nós mesmos, dos desejos maus que permanecem dentro de nós, os quais são, geralmente, intensificados pelas tentações de satanás. Devemos ter uma visão firme da glória de Cristo, somente pela fé, e isto nos trará de volta vida, alegria e amor para os nossos corações e almas.


Se estamos satisfeitos com uma simples idéia da glória de Cristo, como se fosse um pouco de informação obtida das Escrituras, descobriremos que ela não tem poder transformador para as nossas vidas. Amemos a Cristo de todo o nosso coração; enchamos as nossas mentes com pensamentos de prazer nEle, façamos com que a nossa confiança nEle seja sempre exercitada; então a virtude procederá dEle e encherá os nossos corações e os purificará, aumentará a nossa santidade, fortalecerá a nossa graça e nos encherá, às vezes, de "alegria indizível e cheia de glória" (I Pedro 1:8). É muito bom se o amor dos nossos corações é vivificado ao mesmo tempo em que os nossos entendimentos são iluminados. Mero conhecimento e falta de amor nos levam a uma formalidade vazia. Amor exagerado e falta de conhecimento levam à superstição.


Nos crentes mesmos, quando há amor para com o mundo e das coisas desta vida, a fé é enfraquecida e a mente se torna fraca na sua visão da glória de Cristo. Mas qualquer um que tenha uma visão espiritual da glória de Cristo, terá grande amor para com Ele e a mente será cheia de pensamentos sobre Ele (Filipenses 3:8-10; Colossenses 3:1-2).


Fonte: [Josemar Bessa]