A EXPRESSÃO DO AMOR

“O que é o amor?” É a pergunta que nos guia na crônica de hoje.

Na língua portuguesa amor era uma palavra sublime. Hoje, contudo, vulgarizada pelo mal uso, amor tornou-se palavra cheia de sentidos os mais variados, dentre os quais citamos o relacionamento sexual mecânico, que pode não ter sequer uma fagulha de amor. Acontece que o mal uso do vocabulário vai implantando uma desvalorização dos termos, e, sem que alguém proteste veementemente, as palavras vão adotando novos significados.

Amor tem sido comparado comumente a um “sentimento”. Acontece que “sentimentos”dependem do meio, do momento, da condição física, etc. O amor independe de tudo isso. A Bíblia diz, em João 3.16: “Porque Deus amou ao mundo de tal maneira, que deu o Seu Filho unigênito, para que todo aquele que nEle crê não pereça, mas tenha a vida eterna”. O texto não diz: “Deus sentiu”, ou “Deus chorou”, ou ainda “Deus se emocionou”. Diz que  “Deus deu”. Quem ama dá a si e dá de si.

Gostaria de compartilhar com todos um trecho da biografia do herói missionário Hudson Taylor, um dos maiores missionários cristãos, que levou o evangelho para a China, tendo perdido esposa e filhos em perseguições contra o cristianismo, mas que o serviu por 84 anos de sua vida, com toda devoção e fidelidade. Ouçamo-lo, quando se despedia de sua querida mãezinha, embarcando num navio para a China, talvez para nunca mais vê-la:

“A minha querida mãe, que agora está com Cristo, veio a Liverpool para despedir-se de mim. Nunca me esquecerei de como ela entrou comigo no camarote em que eu ia morar quase seis longos meses. Com o carinho de mãe, endireitou os cobertores da pequena cama. assentou-se ao meu lado e cantamos o último hino antes de nos separarmos um do outro. Ajoelhamo-nos e ela orou. Foi a última oração de minha mãe antes de eu partir para a China. Ouviu-se então o sinal para que todos os que não eram passageiros saíssem do navio. Despedimo-nos um do outro, sem a esperança de nos encontrarmos outra vez... Ao passar o navio pelas comportas, e quando a separação começou a ser realidade, do seu coração saiu um grito de angústia tão comovente, que jamais me esquecerei. Foi como que meu coração fosse traspassado por uma faca. Nunca reconheci tão plenamente até então, o que significam as palavras: Pois assim amou Deus ao mundo. Estou certo de que a minha preciosa mãe, nessa ocasião, chegou a compreender mais do amor de Deus para com um mundo que perece do que em qualquer outro tempo da sua vida. Oh! como se entristece o coração de Deus ao ver como seus filhos fecham os ouvidos à chamada divina para salvar o mundo pelo qual seu amado, seu único Filho sofreu e morreu!” (BOYER, Orlando. Heróis e Mártires da Obra Missionária, CPAD, Rio de Janeiro, pág. 191)

Toda vez que leio este trecho da biografia de Hudson Taylor, o meu coração se enche de emoção. Aqui há uma prova real de amor, uma doação. A mãe de Hudson deu o seu filho para pregar o evangelho entre os chineses. O evangelho é a única forma de salvar um ser humano. Deus amou ao mundo e deu Seu único Filho para que morresse em nosso lugar. Amar é dar.

Lembre-se, leitor ou ouvinte amigo: amor não é só palavras. Amor não é só emoção. No amor pode haver palavras e emoções, mas, acima de tudo, o amor é a doação de si mesmo em prol da felicidade do outro. É ser feliz em fazer o outro feliz. É obedecer aos pais. É honrar a esposa. É submeter-se ao esposo. É respeitar a dignidade da namorada. É ser fiel ao namorado. É trabalhar arduamente em prol do sustento da família. Mas, acima de tudo, amar é submeter-se a Deus, entregando-se a Ele. Deus deu o melhor que tinha, o Seu Filho. Nós devemos também dar o nosso melhor: a nossa vida. Reconheça isso. Lembremo-nos do que disse o apóstolo João aos primeiros cristãos: “Aquele que não ama não conhece a Deus, porque Deus é amor” (I João 4.8).

Que Deus nos abençoe. Amém.
Pastor Wagner Antonio de Araújo
Igreja Batista Boas Novas, Osasco, SP